sábado, 19 de novembro de 2016

O Eremita.



"Concede-me a graça do silêncio, o coração da solidão nessas multidões barulhentas que moem e preenchem os meus dias ..."

Dá-me, Senhor, a graça do silêncio, o dom da solidão, mesmo que eu viva entre homens e mulheres, multidões me assaltando com gritos e com gestos. Dá-me repouso e paz entre as ações 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Poustinia. do livro Deserto vivo.

“Um poustinia deve ser quase rude na sua pobreza e
simplicidade. Deve conter uma mesa e uma cadeira.Haja sempre uma Bíblia sobre a mesa, juntamente
com papel e lápis.Haverá água para beber e um pão dividido
em três pedaços: um para a manhã, outro para o
almoço e outro para o jantar. Se alguém não estiver
acostumado a comer seu pão apenas com água,
pode haver utensílios necessários para fazer chá ou café.


Uma simples cruz de
madeira, sem o Cristo, O deserto é o símbolo da austeridade,
pobreza e simplicidade.
É Deus quem leva a alma ao
deserto e ela não pode permanecer aí a
seja alimentada por Deus. Eis porque aí se faznão ser que
abstenção do alimento material pelo jejum , Sem dúvida alguma, o poustinia vai denudar você. O
Senhor do Deserto fará o mesmo. Como ele, você
também será tentado; mas, no fim, uma imensa
serenidade transbordará de sua alma, a paz como
resultado da ordem interior vinda de Deus.
Lembre-se de que você irá ao deserto pelas
seguintes razões:
** para jejuar
�� para viver em silêncio,
�� para rezar, de modo que você possa morrer
para si mesmo mais depressa, podendo assim,comunicar Deus ao mundo também mais
rapidamente. Porque o
mundo tem fome de Deus!
�� para oferecer reparação, tanto pelos seus
pecados como pelos pecados dos outros.
�� para rezar pela humanidade, pela paz


�� para tornar-se santo, isto é: amante de Jesus
Cristo, em verdade, e pelo testemunho das obras.
�� para imitar Jesus Cristo,
�� para salvar sua alma e
a dos seus irmãos,
�� para aprender mais rapidamente a entrega
total a Deus, porque já o fizemos esperar
demais.
Tenham todos estes pontos ante os olhos, meus
queridos, e preparem seus corações para essa
jornada em demanda de um deserto em que vocês
morrerão por Cristo e em Cristo a fim de
ressuscitarem com ele.”

domingo, 14 de agosto de 2011

O rosto de Deus

O deserto, lugar de provação, é também tempo de pedagogia divina: no deserto nasce a fé, no tempo intermediário do deserto o homem deve lembrar, chegar ao conhecimento e à custódia da palavra de Deus no próprio coração. No deserto se começa a entender e a conhecer a Deus: em particular, chega-se a entender que Deus está próximo ao seu povo como um Pai, é zeloso como uma Mãe, é o amor fiel de um Esposo. É, pois, no deserto que se chega à fé, ao conhecimento, à intimidade máxima com Deus: no deserto Deus é Pai, Mãe, Esposo.

Vai-se ao deserto não para fugir dos homens, mas para encarar-se corajosamente, preparando o encontro face a face com Deus. Vai-se ao deserto para lutar contra os demônios, isto é, contra as angústias, os pensamentos que crescem de maneira desmedida, alimentando-se de si mesmos até tornarem-se presenças monstruosas no coração do homem, invulneráveis pela própria inconsistência. O próprio Jesus foi ao deserto guiado pelo Espírito Santo, "para ser tentado pelo diabo" (Mt 4,1): analogamente, o cristão vai ao deserto na convicção de sua fraqueza e fragilidade, portanto, da necessidade de um guia.

O deserto desvenda a verdade da condição humana, reduzindo o homem ao essencial, às necessidades elementares. Na espoliação do deserto o homem é reduzido a "ser" o próprio corpo: aí nos conhecemos mais do que nunca como "ser humano em um corpo". O deserto é, então, o lugar espiritual onde, antes de tudo, revemos nossa relação com nosso corpo e com o que lhe está estreitamente ligado: a comida que o alimenta, o vestido que o abriga, o sono que lhe dá repouso...

Na ausência da presença humana, na abstinência dos alimentos, de palavras e gestos corriqueiros do dia-a-dia, na dureza das provações e dos males que o deserto faz sofrer, experimenta-se o caráter pedagógico do deserto. O deserto liberta de tudo o que atulha e é supérfluo e purifica a fé das incrustações idólatras que a contaminam: o deserto é o crivo que revela a firmeza de um fiel. É ali que pode acontecer, por graça de Deus, o caminho de conversão das múltiplas paixões e apetites do homem ao único desejo: o do rosto de Deus.

Os israelitas no deserto mostraram sua infidelidade, tentando Deus, ao pedir-lhe que apagasse o fogo ardente de suas cobiças; mas esta provação ensinava a Israel a ser sedento de Deus e desejoso do seu rosto. Como testemunha o próprio Jesus, quando no deserto, depois de quarenta dias de jejum, "teve fome", essa provação mostra que o único alimento que pode saciar é a palavra de Deus (Mt 4,2-4; cf Dt 8,3). O deserto é, pois, um lugar pedagógico também para o cristão que, ali, sobretudo, aprende o essencial:

"Procurar, em primeiro lugar, o Reino de Deus e sua justiça e todas as outras coisas - alimento, bebida, roupa...- serão dadas (por Deus) em acréscimo" (Mt 6,33). O caminho através do deserto é, portanto, uma necessidade para nós todos: precisamos repercorrer o deserto para perceber as próprias raízes da nossa fé, para aprender na carne que nossa vida não depende da economia dos bens, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.

Se nosso destino é o Reino, se nossa vocação é o jardim do Éden no qual Deus pôs o homem, devemos todavia atravessar o "vale de lágrimas", o deserto como lugar no qual aprendemos na nossa carne que somos destinados à vida divina. Sim, ir ao deserto é operar uma ruptura com um mundo bem definido, mas essa ruptura é em função de uma união mais íntima com Deus, porque é no deserto que é revelada a própria essência de Deus: o nome do Senhor foi entregue a Moisés justamente no deserto! O deserto é, então, o lugar por excelência da comunhão com Deus, o espaço e o tempo no qual entramos nos pensamentos de Deus, alcançamos seu "coração".

terça-feira, 7 de setembro de 2010


O que é um Poustinik? Poustinik é um termo russo usado para uma pessoa que vive como eremita, esse eremita pode viver num campo ou numa cidade num vale ou numa montanha, numa comunidade religiosa ou solitariamente entre os homens, mas sem ser percebido pois um eremita não chama a atenção sobre si mesmo, pois o ideal dele não é fazer propaganda de sua escolha, de sua vocação, mas o ideal do eremita é viver somente para Deus e com Deus, o lugar em que ele vai viver não é importante , o importante é que ele viva realmente como um eremita, ou seja escondido aos olhos do mundo, mas presente aos olhos de Deus.
Como disse São Francisco "O irmão corpo é nossa cela e a alma é o eremita que mora dentro da cela para orar a Deus e meditar. Portanto , se a alma não ficar em paz e solidão na sua cela, nenhum muro a separará do barulho do mundo"
"Na conversão e na calma estará vossa salvação, na tranquilidade e confiança estará vossa força". IS 30,15 (VIVER NO SILENCIO NÃO É HABITAR EM UM MUNDO SEM RUIDOS,MAS É TER O CORAÇÃO PACIFICADO EM UM MUNDO CHEIO DE GRITOS. PAX ET BONUM

segunda-feira, 31 de maio de 2010

DO LIVRO DESERTO VIVO POUSTINIA DE CATARINA DE HUECK.



Por estranho que pareça, o único meio que pode
ajudar o homem a encontrar resposta sobre si

mesmo e sobre Aquele que o fez à sua imagem é o
silêncio, a solidão — numa palavra, o deserto. O
homem de hoje precisa destas coisas muito mais do
que os eremitas de outrora.
Se quisermos estar preparados para dar testemunho
de Cristo nas ruas, praças e mercados, onde nossa
presença cristã está em contínua demanda,
precisamos de silêncio. Se quisermos estar
disponíveis, não só fisicamente, mas sobretudo
espiritualmente, pela simpatia, pela amizade,
compreensão e doação total da caridade, precisamos
de silêncio. Se pretendemos dar aos outros a
verdadeira e completa hospitalidade que não se
contenta com a oferta de casa e alimento, mas abre
também as portas da mente, do coração e do
espírito, precisamos de silêncio. O verdadeiro silêncio
é o homem em busca de Deus!
O verdadeiro silêncio é uma ponte suspensa que o
espírito, enamorado de Deus, constrói sobre a
escuridão e os abismos de sua própria mente; sobre
as assustadoras ravinas e precipícios da tentação;
sobre as gargantas escuras dos medos e terrores
que o impedem de chegar a Deus.
O verdadeiro silêncio é a linguagem dos amantes.
Somente quem ama compreende toda a sua beleza e
alegria. O verdadeiro silêncio é um jardim fechado
onde — e somente aí! — o espírito floresce com Deus
e para Deus. É uma fonte selada que somente o
coração pode desvendar e abrir para saciar sua sede
do infinito.O verdadeiro silêncio é a chave para o imenso
Coração chamejante de Deus. É o começo de um
"namoro" que só terminará na união final e definitiva
com o Amado.
Um tal silêncio é santo; é a oração que paira acima
de todas as preces e chega à oração final da
constante presença de Deus, atingindo as alturas da
contemplação, quando o espírito, finalmente em paz
total, vive alimentado apenas pela vontade do Ser
Supremo que ele ama.
Este silêncio sai para fora em forma de caridade que
transborda no serviço do próximo, sem considerar o
custo e a dificuldade. Testemunhando Cristo em toda
parte, o silêncio, em forma de disponibilidade, se
tornará fácil e agradável, porque a alma começa a
ver a face do seu Amor em cada pessoa. A
hospitalidade será profunda e real porque um
coração em silêncio é um coração que ama e um
coração que ama é um imenso abrigo aberto para o
mundo inteiro.
Um silêncio assim não é prerrogativa exclusiva de
mosteiros e conventos. Deveria existir em todas as
pessoas que amam a Deus, em cada cristão que se
volta para o mistérios da sua redenção, em cada
judeu que escuta, dentro de si, as vozes dos antigos
profetas, em cada alma, enfim, que se levanta e
parte em busca da verdade, em busca de Deus.
Porque Deus não está no meio do barulho e da
confusão quando estes dois se instalam no próprio
coração do homem.
Desertos, silêncio, solidão não são necessariamentelugares, mas sim um estado de espírito e de
coração. Como tal podem ser encontrados em pleno
bulício das cidades, a qualquer hora ou qualquer dia.
Basta que sintamos a tremenda necessidade que
deles temos e saiamos a sua procura. Serão, talvez,
pequenos desertos, pequenos "poços de silêncio" na
imensa vastidão do barulho, mas se estivermos
dispostos a descer até eles, hão de trazer-nos uma
experiência santificante e alegre como a que
sentiram os primeiros ermitães, nos desertos da
Tebaida, algo parecido com a solidão infinitamente
rica, fecunda e fervilhante de forças criadoras, na
qual o próprio Deus se refugia. Porque somente Deus
torna santos, alegres e fecundos todos os silêncios e
todos os desertos.
Pense, por exemplo, na sua solidão, enquanto você
caminha, no término de um dia de trabalho, indo do
ponto de ônibus até sua casa. Vem, depois, o
silêncio tranqüilo do seu quarto, quando você entra
para trocar a roupa de trabalho por outra caseira,
mais confortável. Pense na solidão de uma dona-decasa,
sozinha em sua cozinha, antes de começar o
trabalho do dia. Enfim, há uma solidão benéfica e
real em cada atividade doméstica, por mais humilde
que seja: lavar e passar roupa, costurar, cozinhar,
etc.
Para chegar à solidão, o primeiro passo é partir. Se
alguém se decidisse a visitar um deserto real e
geográfico como o Saara, deveria, antes de tudo,
procurar uma agência de viagem. No deserto de que
falamos aqui, não precisamos disso. É incrível como
somos cegos para as inúmeras viagens e "partidas"que enchem o nosso dia, pontilhado de "pequenas
solidões", atrás de qualquer porta, escondidas em
quaisquer atividades. Há uma solidão no céu
estrelado que entra pelo retângulo da minha janela e
pode haver uma também no quadro movimentado e
barulhento que se descortina da janela do meu
escritório, às 2 horas da tarde. Existe a solidão do
carro que me leva para casa e que pára no
engarrafamento das ruas ou nos semáfaros, entre os
gritos impacientes das buzinas. Em todas estas
circunstâncias, eu posso encontrar um "ponto de
partida" para o silêncio e deserto interior da
meditação.
Mas, nosso coração, nossa mente e nosso espírito
devem estar afinados com o sobrenatural e alertas
para estes momentos de solidão que Deus nos
concede. Para conseguir esta "afinação", temos que
perder nossa generalizada idolatria ou superstição do
tempo, deste tempo que ninguém quer dar ao
silêncio e à meditação por julgar que é "perda de
tempo".
Há também os que pensam que só em muito tempo
é que se pode chegar a alguma parte, em termos de
oração. Deus se ri do tempo, porque pode
transformar nossos espíritos e nossos corações em
um segundo, desde que eles estejam abertos e
voltados para cima, para ele. Deus pode dizer ao
homem que está ao volante de um carro, em pleno
engarrafamento de tráfego: "Eu te conduzirei à
solidão e aí falarei ao teu coração" (Os 2,14).

domingo, 23 de maio de 2010

A BUSCA.


" TARDE TE AMEI, Ó BELEZA TÃO ANTIGA E TÃO NOVA, TARDE TE AMEI, EIS QUE ESTAVA DENTRO DE MIM E EU TE PROCURAVA DO LADO DE FORA"